O artigo "Inventário Negativo" do professor Manuel Carlos Cardoso, publicado no jornal Correio Popular de 13 de Abril de 2010, prima pela coragem de abordar com total propriedade um tema fundamental para a viabilidade de sobrevivência e existência do PSDB em Campinas.
Segue abaixo o texto na íntegra.
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Inventário negativo
Manuel Carlos
cardoso@ rac.com.br
O assunto sobre a sucessão entusiasma a todos. O mesmo aluno que queria saber o que era espólio, interrompeu novamente a aula perguntando se seria necessário abrir um inventário se o defunto não tivesse patrimônio. Respondi a ele que, em princípio, não era necessário, pois não havia o que partilhar, mas, em algumas situações, mesmo assim, o inventário negativo deveria ser feito. Os sucessores poderiam ter interesse em discutir algumas dívidas ou obrigações do defunto ou o cônjuge supérstite poderia querer casar-se novamente pelo regime de comunhão de bens, o que exigiria a obrigação de abertura do inventário negativo.
Imediatamente lembrei-me da resposta do deputado Carlos Sampaio na semana passada, que ficou mais bicudo do que um tucano quando o chamei de defunto e sustentei que seu patrimônio político era negativo.
O deputado demorou tanto tempo para responder, que pensei já ser um defunto de verdade. Começou com suas lamúrias, afirmando que em 2008 afirmei que o lugar dele era em Brasília e, portanto, não compreendia minha crítica a respeito de sua ausência em Campinas. Sustentei que seu lugar era em Brasília, não em Minas Gerais tentando atrapalhar a candidatura de José Serra ou em Milão, em viagem turística acompanhado da esposa, com passagens adquiridas com as milhagens de outras passagens proporcionadas a ele pela Câmara com dinheiro público.
Seus eleitores não querem, certamente, um deputado cometa, que aparece em nossos céus de dois em dois anos e apenas para pedir votos.
Diz o deputado que, sendo um dos 100 parlamentares mais influentes dentro do Congresso Nacional, sente-se honrado em ter participado ativamente das CPIs do Mensalão, dos Correios, das Sanguessugas e dos Cartões Corporativos. Na realidade, o que disse Carlos Sampaio é que é um sócio influente da maior pizzaria do País. Essas quatro CPIs foram um fiasco e os parlamentares riram na cara do povo brasileiro.
Egocêntrico que é, em momento algum sustentou que seu maior patrimônio político eram os 96 mil votos que recebeu da população de Campinas e é sobre esse patrimônio que quero discutir com o deputado. Em eleições passadas voou em céu de brigadeiro. É certo que pisoteando na cabeça de lideranças locais de seu próprio partido, mas em outubro próximo a situação será muito diferente. Nas próximas eleições, enfrentará Guilherme Campos, que esteve mais presente em Campinas e na Câmara; Jonas Donizette, cujo crescimento eleitoral é incontestável; Gustavo Petta, que fez um trabalho admirável da Secretaria de Esportes; Carlos Henrique Pinto, o candidato apoiado por dr. Hélio e que demonstrou ao longo desses últimos quatro anos sua competência; enfrentará, por fim, a si mesmo, pela ausência, pela omissão e, sobretudo, por sua arrogância.
Na realidade, o PSDB de Campinas sobrevive, porque tem três vereadores atuantes, que cumprem de forma irrepreensível seu papel. Artur Orsi, Biléo Soares e Valdir Terrazan, porque, se fosse depender de Célia Leão e Carlos Sampaio, já estaria morto.
O inventário político de Carlos Sampaio é negativo, mas ainda assim será aberto em outubro próximo, porque os sucessores querem discutir algumas dívidas e compromissos assumidos pelo defunto.
Manuel Carlos Cardoso é advogado e professor.
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Destaco um trecho de uma observação que fiz ao autor:
Engana-se quem acredita que "o PSDB de Campinas sobrevive, porque tem três vereadores atuantes, que cumprem de forma irrepreensível seu papel".
Infelizmente, aquilo que o senhor descreveu em seu artigo, nada mais é a impressão que as pessoas de fora do partido enxergam. O jogo de cena e o discurso são comoventes, em igual proporção ao deboche dos três vereadores nas reuniões partidárias.
Não sabemos até quando o PSDB de Campinas, sob a direção e "representação" dos "nobres" vereadores e deputados agonizará.
Agradeço ao professor Manuel Carlos pelas palavras de apoio e incentivo.
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