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segunda-feira, 5 de julho de 2010

O TAV E A AMPLIAÇÃO DE VIRACOPOS

A discussão sobre o TAV e a ampliação de Viracopos ganhou merecido destaque nas últimas semanas. De maneira simplista, algumas opiniões divulgadas preferiram resumir, convenientemente em função do calendário eleitoral, a questão sobre defender ou não o desenvolvimento de Campinas, da Região Metropolitana de Campinas e do Brasil. Porém, a reflexão de ambos os temas não se resume a isso.

Quero deixar claro que não sou contra o desenvolvimento, muito pelo contrário. Por defender o crescimento sustentável da nossa região e do nosso país, acredito que as ponderações sobre a ampliação do Aeroporto de Viracopos e o projeto do TAV precisam ir além.

Nenhum país no Mundo pode ser refém de apenas um modal de transporte. É fato que, hoje, a força motriz do transporte de passageiros é o transporte rodoviário seguido pelo aéreo, que ainda não entrou em colapso total. Muito mais pela coragem de empresários que ainda acreditam no nosso país do que pela vontade e incentivo do Governo Federal. Especificamente em Viracopos, a Azul que escolheu Campinas como base de suas operações no Brasil e a TAP que retomou os vôos internacionais.

Em praticamente 8 anos de governo Lula, quais foram os investimentos realizados nas rodovias federais e nos aeroportos? O governo federal tenta fazer a licitação da nova ferrovia a qualquer custo, mas não atende adequadamente à demanda das rodovias brasileiras. Como mostra estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o PAC atendeu até o momento somente 13% da necessidade de investimentos em estradas no Brasil.

Tentaram seguir o exemplo de São Paulo e conceder as estradas federais e os resultados foram as precárias condições da Fernão Dias, da Régis Bittencourt e de uma série de quilômetros intransitáveis nos mais longínquos rincões desse nosso país, que conseqüentemente, aumentam os custos da produção nacional, pelo custo do frete somado à absurda carga tributária.

Na questão dos aeroportos, a questão é ainda mais crítica e preocupante.

Após duas gestões na Presidência, a herança deixada por Lula e pelo PT se resumirá ao apagão aéreo que começou em 2006, a falta de investimentos nos equipamentos utilizados no controle de tráfego aéreo, as precárias condições de trabalho dos controladores de vôos e a constatação de que não faltam recursos para administrar o setor de transporte aéreo: eles são mal gerenciados. Para completar a lista, não podemos esquecer a corrupção, na gestão do ex-presidente da Infraero, o ex-deputado do PT-PE, Carlos Wilson e o loteamento político de cargos na estatal.

Enfim, com base nesse histórico de má gestão, corrupção e loteamento político-partidário, é que questiono a credibilidade daqueles que se propõem a construir algo no futuro quando os mesmos já mostraram sua incompetência no passado.

O projeto do TAV está todo comprometido, repleto de incertezas. Inviável do ponto de vista econômico e repleto de questionamentos não respondidos pelo Governo Federal, que trazem insegurança para os investidores, questiono ainda a real necessidade de implantação do modelo proposto.

O trecho que o TAV se propõe a atender, é muito bem servido por dois modais de transporte eficientes e relativamente baratos, o transporte rodoviário e o aéreo. Basta o Governo Federal acabar com a demagogia de um PAC que não existe na prática e investir nos aeroportos como é sua obrigação, talvez através de PPPs e privatizações ou ainda, transferir esta responsabilidade aos governos estaduais, como São Paulo vêm sistematicamente defendendo.

Se em 8 anos, o governo federal não foi capaz de resolver os problemas estruturais dos aeroportos, por exemplo através da ampliação de Viracopos e modernização das rodovias existentes, concluídas, a tentativa de se implantar um TAV sem qualquer planejamento só reflete a oportunidade de se criar um novo problema para o futuro.

O Brasil, com uma visão de futuro e longo prazo, certamente precisa retomar os investimentos no transporte ferroviário, de cargas e passageiros. Entretanto, são várias as possibilidades e opções viáveis, que passam longe de um trem de alta-velocidade, implicando inclusive em menor volume de recursos a ser aplicados pelo governo e pela iniciativa privada.

Se formos analisar o cronograma, para a Copa de 2014 não há mais tempo hábil e para as Olimpíadas de 2016, a preocupação é muito grande. Um recente editorial escreveu: “falar em inaugurá-lo antes da Copa do Mundo de 2014, daqui a quatro anos, trata-se de uma miríade enganosa. O TGV francês, que liga Paris a Lyon, foi construído em nove anos. O TAV coreano, que une Seul a Busan e tem 412 quilômetros de extensão, 90 menos que o brasileiro, demorou 11 anos entre o começo da obra e o início da operação”.

A promessa da candidata Dilma Rousseff de concluir um primeiro trecho do TAV até 2014 é eleitoreira e leviana. Mais irresponsável ainda são os que aplaudem uma afirmação mentirosa com o único objetivo de oferecer palanque político. É preciso comprometimento com a verdade e com o povo para se defender o desenvolvimento.

O prefeito de Campinas em vários meses de promessas sequer conseguiu colocar em prática a ampliação da Maria Fumaça em um trecho que não ultrapassará 30 quilômetros. Não será com aplausos de ocasião, tais como do neo-petista cooptado prefeito de Jaguariúna, que as obras do TAV sairão do papel.

O próprio parecer emitido pelo Ministro do TCU, relator do processo destaca: “Houve falta de planejamento para um projeto de elevada magnitude, complexidade e importância”.

A ineficiência na questão da infraestrutura no país será uma das marcas registradas deixadas pelo Governo Lula no projeto de poder arquitetado pelos aloprados e irresponsáveis quadros do PT no plano Federal.

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