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terça-feira, 16 de março de 2010

OPINIÃO - ESPÓLIO POLÍTICO

O artigo intitulado "Espólio Político" do professor Manuel Carlos Cardoso, publicado no jornal Correio Popular de hoje, merece especial atenção dos eleitores e profunda reflexão dos candidatos.

Segue abaixo o texto na íntegra.

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Espólio político


Manuel Carlos
cardoso@rac.com.br

Perguntou-me um aluno o que significava a expressão espólio. Tentando abreviar a resposta, pois o tema da aula estava bem distante da pergunta, disse a ele que espólio significava sucessão aberta. É o período que vai desde que a pessoa se torna um defunto até a partilha de seu patrimônio, asseverei.

Defunto, disse a ele, é uma palavra de muita sabedoria, vem da expressão latina defunctus, que significa sem função.

Imediatamente, veio na minha cabeça este período eleitoral que se aproxima, quando encontramos muitos defuntos e a sucessão aberta.

Na esfera federal, o defunto de mais proeminência é o deputado Carlos Sampaio, que deve estar morando em Araxá, cidade mineira situada na metade do caminho entre Campinas e Brasília.

Em quatro anos, não tivemos qualquer notícia de sua atuação, nem aqui na terra e nem na capital. Seu patrimônio eleitoral em Campinas de 117 mil votos será disputado a tapas.

Guilherme Campos, que de bobo não tem nada, aproveitou a ausência do colega para pegar um pedaço de seu patrimônio político.

Jonas Donizette, que pretende ser deputado federal, vai levar uma boa parte da herança e Carlos Henrique Pinto, nosso bom secretário de assuntos jurídicos, ficará com o resto.

Para os tucanos mais fanáticos, que se recusam a votar em candidatos de outro partido, restará a opção de votar no defunctus, mas com certeza serão poucos.

Na esfera estadual, a disputa será ainda maior. Contaremos com o patrimônio político de quase 60 mil votos deixado por Jonas Donizette, que disputa a vaga federal, e com o que ainda resta do patrimônio de Célia Leão, que em 16 anos na Assembleia Legislativa ainda não justificou sua presença na casa.

Gerson Bittencourt e Tiãozinho, ambos do PT, somados, não terão aqui em Campinas a votação de Ana Perugini, do PT de Hortolândia. Isto se a deputada sair do Lar dos Velhinhos e disputar as eleições. Dias atrás, passei por lá e vi uma faixa estendida na porta dizendo: “O Lar dos Velhinhos agradece a presença da deputada Ana Perugini”.

Artur Orsi está na área e vai disputar com unhas e dentes esse espólio, ainda que sem o apoio de Carlos Sampaio, que prefere apoiar candidatos de outras cidades, talvez onde ele esteve mais presente ou mais “interessado”.

Tudo isso pode acontecer se Aurélio Cláudio, atual presidente da Câmara e vereador mais votado nas últimas eleições, permitir ou deixar sobrar alguma coisa.

O PDT de dr. Hélio não brinca em serviço e vai para a briga nas próximas eleições com força total.

A sucessão está aberta e o patrimônio político dos defunctus será disputado com unhas e dentes. Isto é muito bom, porque renovar é preciso!

Tanto na esfera federal como na estadual, o eleitor campineiro terá a possibilidade de renovar e dizer que está descontente com tudo o que vem acontecendo.

Manuel Carlos Cardoso é advogado e professor
E-mail: cardoso@rac.com.br

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