segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
MAGALHÃES TEIXEIRA: 15 ANOS DE SAUDADE
"Quem ama não morre", José Roberto Magalhães Teixeira - Há 15 anos, Campinas se despedia do seu maior líder, nosso saudoso Grama.
Por esse motivo, a esposa, filhos, parentes e amigos do querido José Roberto Magalhães Teixeira, convidam para a missa em sua memória, que será celebrada dia 1º de Março de 2011, às 19h30min na Igreja de Santa Rita de Cássia, Av. Dr. Jesuíno Marcondes Machado, 670, Nova Campinas, Campinas/SP.
A todos que comparecerem a família antecipadamente agradece.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
CACHIMBO DA PAZ (P)
Pelo que se têm notícias, tanto o vereador Artur Orsi quanto o secretário Jurandir Fernandes, assim como a deputada Célia Leão não são adeptos do fumo.
Pelo contrário, aprovam a lei anti-fumo. Mesmo porque, como toda a população é permanentemente alertada pelo Ministério da Saúde, fumar é prejudicial à saúde.
Pode causar câncer de pulmão e impotência.
(Publicado no Correio Popular de 22/02/2011)
Pelo contrário, aprovam a lei anti-fumo. Mesmo porque, como toda a população é permanentemente alertada pelo Ministério da Saúde, fumar é prejudicial à saúde.
Pode causar câncer de pulmão e impotência.
(Publicado no Correio Popular de 22/02/2011)
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
RENOVAR E FORTALECER
O resultado das últimas eleições majoritárias na cidade de Campinas – mais que evidenciou o papel protagonista – no cenário político Nacional e Estadual: deixou explícito o potencial do PSDB no cenário político Municipal.
Através de muito esforço conjunto e, apesar de uma mobilização ainda tímida para os registros históricos do que já foi o partido em Campinas, podemos afirmar que os nomes tucanos ao Senado, ao Governo de São Paulo e à Presidência da República, não apenas chegaram, mas também responderam ao sentimento majoritário do povo de Campinas.
Em que pese o poder de fogo e financeiro da situação, com ajuda escancarada do Governo Federal, o atual prefeito de Campinas não foi capaz de eleger sequer um nome de sua base política que contasse com o seu irrestrito apoio.
O PT, nosso tradicional adversário, também não elegeu deputados estaduais e federais da cidade de Campinas. O único eleito, pertence ao grupo político da ex-prefeita da capital, Marta Suplicy. Secretário municipal do prefeito, não foram de Campinas os votos que o elegeram para evidenciar o surgimento de uma nova liderança.
A nós tucanos, cabe analisar o quadro e tomar as decisões de hoje que terão reflexos e conseqüências no amanhã. É urgente e necessária a determinação de pensar Campinas e pensar os rumos que o PSDB deverá seguir com o claro objetivo de ocupar, com competência, o espaço político que jamais deveria ter deixado de ocupar na cidade.
Nosso pleito interno se avizinha. Será agora, em 2011, que vamos definir os rumos para articular e organizar as estratégias que serão colocadas em prática nas Eleições de 2012. Mais do que nunca, o momento é de discussão e organização.
Em várias conversas e encontros, tenho afirmado que ao PSDB somente terão duas possibilidades em 2012: ganhar ou perder a eleição. Óbvio!
No caso de vencermos a eleição municipal, e eu acredito que temos todas as condições para isso, deveremos eleger uma bancada forte, numerosa e qualitativa de vereadores no Poder Legislativo, comprometidos com o PSDB e a social-democracia, para ajudar o Prefeito a desenvolver um bom trabalho e atender as reais necessidades de que Campinas precisa, que são há muito tempo postergadas, fazendo inclusive boas parcerias com o governo estadual.
Por outro lado, no caso de perdermos a eleição municipal, deveremos eleger uma bancada mais forte ainda, numerosa e qualitativa de vereadores para exercer uma oposição responsável e fiel ao sentimento do povo de Campinas.
Infelizmente, o que acompanhamos nos últimos anos, em termos de organização interna, talvez não tenha sido tão óbvio sobremaneira.
Parece simples e é. Caberá a nós, que vivemos, pensamos e acreditamos em um PSDB independente, vivo, ativo e propositivo fazermos a diferença. Com coragem, cumprir ao longo desses últimos dois anos de gestão municipal, com vigor, o papel de oposição fiscalizadora e crítica que a cidade nos incumbiu. E ao mesmo tempo, discutir as propostas da social-democracia que serão apresentadas ao povo de Campinas nas próximas eleições por todos os nossos candidatos.
Estabelecer critérios, realizar prévias, desenvolver e inovar nas propostas a serem apresentadas à cidade, aproximação dos movimentos sociais, sindicatos, associações de bairros, enfim, são algumas das medidas que deverão ser tomadas na próxima gestão dos Diretórios Zonais, Municipal e da Executiva.
Muito mais que a pura e simples discussão de nomes, o momento é de trabalho burocrático e intenso. Os critérios deverão ser respeitados e o PSDB deverá ser ouvido. Aliás, deverá ter a condução total do processo. O PSDB não deve ser menor que qualquer nome.
É preciso recuperar o tempo perdido: corrigir os erros e aperfeiçoar os acertos. Vamos juntos mostrar que a hora é agora! Sem medo de ser feliz e acreditar na vitória pelo bem do PSDB e pelo bem de Campinas.
João Henrique Poppi
Através de muito esforço conjunto e, apesar de uma mobilização ainda tímida para os registros históricos do que já foi o partido em Campinas, podemos afirmar que os nomes tucanos ao Senado, ao Governo de São Paulo e à Presidência da República, não apenas chegaram, mas também responderam ao sentimento majoritário do povo de Campinas.
Em que pese o poder de fogo e financeiro da situação, com ajuda escancarada do Governo Federal, o atual prefeito de Campinas não foi capaz de eleger sequer um nome de sua base política que contasse com o seu irrestrito apoio.
O PT, nosso tradicional adversário, também não elegeu deputados estaduais e federais da cidade de Campinas. O único eleito, pertence ao grupo político da ex-prefeita da capital, Marta Suplicy. Secretário municipal do prefeito, não foram de Campinas os votos que o elegeram para evidenciar o surgimento de uma nova liderança.
A nós tucanos, cabe analisar o quadro e tomar as decisões de hoje que terão reflexos e conseqüências no amanhã. É urgente e necessária a determinação de pensar Campinas e pensar os rumos que o PSDB deverá seguir com o claro objetivo de ocupar, com competência, o espaço político que jamais deveria ter deixado de ocupar na cidade.
Nosso pleito interno se avizinha. Será agora, em 2011, que vamos definir os rumos para articular e organizar as estratégias que serão colocadas em prática nas Eleições de 2012. Mais do que nunca, o momento é de discussão e organização.
Em várias conversas e encontros, tenho afirmado que ao PSDB somente terão duas possibilidades em 2012: ganhar ou perder a eleição. Óbvio!
No caso de vencermos a eleição municipal, e eu acredito que temos todas as condições para isso, deveremos eleger uma bancada forte, numerosa e qualitativa de vereadores no Poder Legislativo, comprometidos com o PSDB e a social-democracia, para ajudar o Prefeito a desenvolver um bom trabalho e atender as reais necessidades de que Campinas precisa, que são há muito tempo postergadas, fazendo inclusive boas parcerias com o governo estadual.
Por outro lado, no caso de perdermos a eleição municipal, deveremos eleger uma bancada mais forte ainda, numerosa e qualitativa de vereadores para exercer uma oposição responsável e fiel ao sentimento do povo de Campinas.
Infelizmente, o que acompanhamos nos últimos anos, em termos de organização interna, talvez não tenha sido tão óbvio sobremaneira.
Parece simples e é. Caberá a nós, que vivemos, pensamos e acreditamos em um PSDB independente, vivo, ativo e propositivo fazermos a diferença. Com coragem, cumprir ao longo desses últimos dois anos de gestão municipal, com vigor, o papel de oposição fiscalizadora e crítica que a cidade nos incumbiu. E ao mesmo tempo, discutir as propostas da social-democracia que serão apresentadas ao povo de Campinas nas próximas eleições por todos os nossos candidatos.
Estabelecer critérios, realizar prévias, desenvolver e inovar nas propostas a serem apresentadas à cidade, aproximação dos movimentos sociais, sindicatos, associações de bairros, enfim, são algumas das medidas que deverão ser tomadas na próxima gestão dos Diretórios Zonais, Municipal e da Executiva.
Muito mais que a pura e simples discussão de nomes, o momento é de trabalho burocrático e intenso. Os critérios deverão ser respeitados e o PSDB deverá ser ouvido. Aliás, deverá ter a condução total do processo. O PSDB não deve ser menor que qualquer nome.
É preciso recuperar o tempo perdido: corrigir os erros e aperfeiçoar os acertos. Vamos juntos mostrar que a hora é agora! Sem medo de ser feliz e acreditar na vitória pelo bem do PSDB e pelo bem de Campinas.
João Henrique Poppi
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
TRANSPORTE (P)
O prefeito Dr. Hélio postou no seu twitter: “Com PT continuaremos programas de excelência, sob comando da equipe Bittencourt no transporte”...
Só uma perguntinha: a gestão de Bittencourt à frente da EMDEC é referência do quê? Assim como foi na CET em São Paulo?
Apenas para ilustrar o último reajuste. Campinas tem uma das mais altas tarifas de transporte público, sem uma qualidade e eficiência que justifique esse valor abusivo. Isso sem citar a dívida milionária nas finanças da EMDEC, os corredores, as estações de transferência mal planejadas, o caótico trânsito que piora a cada dia no município...
Enfim, os “programas de excelência” comandados por Bittencourt no Transporte em Campinas não passam de pura piada. E de muito mau gosto.
Um choque de realidade faria bem ao prefeito.
(Publicado no Correio Popular de 05/02/2011 e no TodoDia de 06/02/2011)
Só uma perguntinha: a gestão de Bittencourt à frente da EMDEC é referência do quê? Assim como foi na CET em São Paulo?
Apenas para ilustrar o último reajuste. Campinas tem uma das mais altas tarifas de transporte público, sem uma qualidade e eficiência que justifique esse valor abusivo. Isso sem citar a dívida milionária nas finanças da EMDEC, os corredores, as estações de transferência mal planejadas, o caótico trânsito que piora a cada dia no município...
Enfim, os “programas de excelência” comandados por Bittencourt no Transporte em Campinas não passam de pura piada. E de muito mau gosto.
Um choque de realidade faria bem ao prefeito.
(Publicado no Correio Popular de 05/02/2011 e no TodoDia de 06/02/2011)
domingo, 6 de fevereiro de 2011
ARTIGO FHC: TEMPO DE MUDA
Tempo de muda
Novo ano, nova presidente, novo Congresso atuando no Brasil de sempre, com seus êxitos, suas lacunas e suas aspirações. Tempo de muda, palavra que no dicionário se refere à troca de animais cansados por outros mais bem dispostos, ou de plantas que dos vasos em viveiro vão florescer em terra firme. A presidente tem um estilo diferente do antecessor, não necessariamente porque tenha o propósito de contrastar, mas porque seu jeito é outro. Mais discreta, com menos loquacidade retórica. Mais afeita aos números, parece ter percebido, mesmo sem proclamar, que recebeu uma herança braba de seu patrono e de si mesma. Nem bem assume e seus porta-vozes econômicos já têm que apelar às mágicas antigas (quanto foi mal falado o doutor Delfim, que nadava de braçada nos arabescos contábeis para esconder o que todos sabiam!) porque a situação fiscal se agravou. Até os mercados, que só descobrem estas coisas quando está tudo por um fio, perceberam. Mesmo os velhos bobos ortodoxos do FMI, no linguajar descontraído do ministro da Fazenda, viram que algo anda mal.
Seja no reconhecimento maldisfarçado da necessidade de um ajuste fiscal, seja no alerta quanto ao cheiro de fumaça na compra a toque de caixa dos jatos franceses, seja nas tiradas sobre os até pouco tempo esquecidos “direitos humanos”, há sinais de mudança. Os pelegos aliados do governo que enfiem a viola no saco, pois os déficits deverão falar mais alto do que as benesses que solidarizaram as centrais sindicais com o governo Lula.
Aos novos sinais, se contrapõem os amores antigos: Belo Monte há de vir à luz com cesariana, esquecendo as preocupações com o meio ambiente e com o cumprimento dos requisitos legais; as alianças com os partidos da “governabilidade” continuarão a custar caro no Congresso e nos ministérios, sem falar no “segundo escalão”, cujas joias mais vistosas, como Furnas (está longe de ser a única), já são objeto de ameaças de rapto e retaliação. Diante de tudo isso, como fica a oposição?
Digamos que ela quer ser “elevada”, sem sujar as mãos (ou a língua) nas nódoas do cotidiano nem confundir crítica ao que está errado com oposição ao país (preocupação que os petistas nunca tiveram quando na oposição). Ainda assim, há muito a fazer para corresponder à fase de “muda”. A começar pela crítica à falta de estratégia para o país: que faremos para lidar com a China (reconhecendo seu papel e o muito de valioso que podemos aprender com ela)? Não basta jogar a culpa da baixa competitividade nas altas taxas de juro. Olhando para o futuro, teremos de escolher em que produtos poderemos competir com China, Índia, asiáticos em geral, Estados Unidos, etc. Provavelmente serão os de alta tecnologia, sem esquecer que os agrícolas e minerais também requerem tal tipo de conhecimento. Preparamo-nos para a era da inovação? Reorientamos nosso sistema escolar nesta direção? Como investir em novas e nas antigas áreas produtivas sem poupança interna? No governo anterior, os interesses do Brasil pareciam submergir nos limites do antigo “Terceiro Mundo”, guiados pela retórica do Sul-Sul, esquecidos de que a China é Norte e nós, mais ou menos. Definimos os Estados Unidos como “o outro lado” e percebemos agora que suas diferenças com a China são menores do que imaginávamos. Que faremos para evitar o isolamento e assegurar o interesse nacional sem guiar-nos por ideologias arcaicas?
Há outros objetivos estratégicos. Por exemplo, no caso da energia: aproveitaremos de fato as vantagens do etanol, criaremos uma indústria alcoolquímica, usaremos a energia eólica mais intensamente? Ou, noutro plano, por que tanta pressa para capitalizar a Petrobras e endividar o Tesouro com o pré-sal em momento de agrura fiscal? As jazidas do pré-sal são importantes, mas deveríamos ter uma estratégia mais clara sobre como e quando aproveitá-las. O regime de partilha é mesmo mais vantajoso? Nada disso está definido com clareza.
O governo anterior sonegava à população o debate sobre seu futuro. O caminho a ser seguido era definido em surdina nos gabinetes governamentais e nas grandes empresas. Depois se servia ao país o prato feito na marcha batida dos projetos-impacto tipo trem-bala, PACs diversos, usinas hidrelétricas de custo indefinido e serventia pouco demonstrada. Como nos governos autoritários do passado. Está na hora de a oposição berrar e pedir a democratização das decisões, submetendo-as ao debate público.
Não basta isso, entretanto, para a oposição atuar de modo efetivo. Há que mexer no desagradável. Não dá para calar diante da Caixa Econômica ter se associado a um banco já falido que agora é salvo sem transparência pelos mecanismos do Proer e assemelhados. E não foi só lá que o dinheiro do contribuinte escapou pelos ralos para subsidiar grandes empresas nacionais e estrangeiras, via BNDES. Não será tempo de esquadrinhar a fundo a compra dos aviões? E o montante da dívida interna, que ultrapassa um trilhão e seiscentos bilhões de reais, não empana o feito da redução da dívida externa? E dá para esquecer dos cartões corporativos usados pelo Alvorada que foram tornados “de interesse da segurança nacional” até o final do governo Lula para esconder o montante dos gastos? Não cobraremos agora a transparência? E o ritmo lento das obras de infraestrutura, prejudicadas pelo preconceito ideológico contra a associação do público com o privado, contra a privatização necessária em casos específicos, passará como se fosse contingência natural? Ou as responsabilidades pelos atrasos nas obras viárias, de aeroportos e de usinas serão cobradas? Por que não começar com as da Copa, libertas de licitação e mesmo assim dormindo em berço esplêndido?
Há, sim, muita coisa para dizer nesta hora de “muda”. Ou a oposição fala e fala forte, sem se perder em questiúnculas internas, ou tudo continuará na toada de tomar a propaganda por realização. Mesmo porque, por mais que haja nuances, o governo é um só Lula-Dilma, governo do PT ao qual se subordinam ávidos aliados.
Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente da República
Novo ano, nova presidente, novo Congresso atuando no Brasil de sempre, com seus êxitos, suas lacunas e suas aspirações. Tempo de muda, palavra que no dicionário se refere à troca de animais cansados por outros mais bem dispostos, ou de plantas que dos vasos em viveiro vão florescer em terra firme. A presidente tem um estilo diferente do antecessor, não necessariamente porque tenha o propósito de contrastar, mas porque seu jeito é outro. Mais discreta, com menos loquacidade retórica. Mais afeita aos números, parece ter percebido, mesmo sem proclamar, que recebeu uma herança braba de seu patrono e de si mesma. Nem bem assume e seus porta-vozes econômicos já têm que apelar às mágicas antigas (quanto foi mal falado o doutor Delfim, que nadava de braçada nos arabescos contábeis para esconder o que todos sabiam!) porque a situação fiscal se agravou. Até os mercados, que só descobrem estas coisas quando está tudo por um fio, perceberam. Mesmo os velhos bobos ortodoxos do FMI, no linguajar descontraído do ministro da Fazenda, viram que algo anda mal.
Seja no reconhecimento maldisfarçado da necessidade de um ajuste fiscal, seja no alerta quanto ao cheiro de fumaça na compra a toque de caixa dos jatos franceses, seja nas tiradas sobre os até pouco tempo esquecidos “direitos humanos”, há sinais de mudança. Os pelegos aliados do governo que enfiem a viola no saco, pois os déficits deverão falar mais alto do que as benesses que solidarizaram as centrais sindicais com o governo Lula.
Aos novos sinais, se contrapõem os amores antigos: Belo Monte há de vir à luz com cesariana, esquecendo as preocupações com o meio ambiente e com o cumprimento dos requisitos legais; as alianças com os partidos da “governabilidade” continuarão a custar caro no Congresso e nos ministérios, sem falar no “segundo escalão”, cujas joias mais vistosas, como Furnas (está longe de ser a única), já são objeto de ameaças de rapto e retaliação. Diante de tudo isso, como fica a oposição?
Digamos que ela quer ser “elevada”, sem sujar as mãos (ou a língua) nas nódoas do cotidiano nem confundir crítica ao que está errado com oposição ao país (preocupação que os petistas nunca tiveram quando na oposição). Ainda assim, há muito a fazer para corresponder à fase de “muda”. A começar pela crítica à falta de estratégia para o país: que faremos para lidar com a China (reconhecendo seu papel e o muito de valioso que podemos aprender com ela)? Não basta jogar a culpa da baixa competitividade nas altas taxas de juro. Olhando para o futuro, teremos de escolher em que produtos poderemos competir com China, Índia, asiáticos em geral, Estados Unidos, etc. Provavelmente serão os de alta tecnologia, sem esquecer que os agrícolas e minerais também requerem tal tipo de conhecimento. Preparamo-nos para a era da inovação? Reorientamos nosso sistema escolar nesta direção? Como investir em novas e nas antigas áreas produtivas sem poupança interna? No governo anterior, os interesses do Brasil pareciam submergir nos limites do antigo “Terceiro Mundo”, guiados pela retórica do Sul-Sul, esquecidos de que a China é Norte e nós, mais ou menos. Definimos os Estados Unidos como “o outro lado” e percebemos agora que suas diferenças com a China são menores do que imaginávamos. Que faremos para evitar o isolamento e assegurar o interesse nacional sem guiar-nos por ideologias arcaicas?
Há outros objetivos estratégicos. Por exemplo, no caso da energia: aproveitaremos de fato as vantagens do etanol, criaremos uma indústria alcoolquímica, usaremos a energia eólica mais intensamente? Ou, noutro plano, por que tanta pressa para capitalizar a Petrobras e endividar o Tesouro com o pré-sal em momento de agrura fiscal? As jazidas do pré-sal são importantes, mas deveríamos ter uma estratégia mais clara sobre como e quando aproveitá-las. O regime de partilha é mesmo mais vantajoso? Nada disso está definido com clareza.
O governo anterior sonegava à população o debate sobre seu futuro. O caminho a ser seguido era definido em surdina nos gabinetes governamentais e nas grandes empresas. Depois se servia ao país o prato feito na marcha batida dos projetos-impacto tipo trem-bala, PACs diversos, usinas hidrelétricas de custo indefinido e serventia pouco demonstrada. Como nos governos autoritários do passado. Está na hora de a oposição berrar e pedir a democratização das decisões, submetendo-as ao debate público.
Não basta isso, entretanto, para a oposição atuar de modo efetivo. Há que mexer no desagradável. Não dá para calar diante da Caixa Econômica ter se associado a um banco já falido que agora é salvo sem transparência pelos mecanismos do Proer e assemelhados. E não foi só lá que o dinheiro do contribuinte escapou pelos ralos para subsidiar grandes empresas nacionais e estrangeiras, via BNDES. Não será tempo de esquadrinhar a fundo a compra dos aviões? E o montante da dívida interna, que ultrapassa um trilhão e seiscentos bilhões de reais, não empana o feito da redução da dívida externa? E dá para esquecer dos cartões corporativos usados pelo Alvorada que foram tornados “de interesse da segurança nacional” até o final do governo Lula para esconder o montante dos gastos? Não cobraremos agora a transparência? E o ritmo lento das obras de infraestrutura, prejudicadas pelo preconceito ideológico contra a associação do público com o privado, contra a privatização necessária em casos específicos, passará como se fosse contingência natural? Ou as responsabilidades pelos atrasos nas obras viárias, de aeroportos e de usinas serão cobradas? Por que não começar com as da Copa, libertas de licitação e mesmo assim dormindo em berço esplêndido?
Há, sim, muita coisa para dizer nesta hora de “muda”. Ou a oposição fala e fala forte, sem se perder em questiúnculas internas, ou tudo continuará na toada de tomar a propaganda por realização. Mesmo porque, por mais que haja nuances, o governo é um só Lula-Dilma, governo do PT ao qual se subordinam ávidos aliados.
Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente da República
Assinar:
Postagens (Atom)